Alterações Climáticas e a Visão Eurocêntrica


Num debate promovido pela Antena 1 sobre Alterações Climáticas, moderado pela jornalista Helena Matos, os intervenientes chegaram à conclusão que "vamos resistir" aquilo que vem aí. Como se sabe o Hemisfério Norte será (é) o menos afectado pelas tempestades, secas, ondas de calor...etc, e espera-se mesmo um aumento da produtividade agrícola no Norte da Europa, com Primaveras mais longas e menos frio.
O eurocentrismo dos intervenientes levou-os a desprezar o que os africanos já sofrem na pele. A região sudanesa do Darfur, onde já morreram centenas de milhares de seres humanos, é uma das mais atingidas pelo fenómeno climático. Trata-se de um processo lento e insidioso (como disse Filipe Duarte Santos, o climatologista) mas com repercussões catastróficas entre os mais pobres.
O artigo do insuspeito Christian Science Monitor aborda os efeitos das alterações climáticas entre os mais pobres dos pobres.
Torna-se fácil de barriga cheia "falar em tomada de consciência dos países ricos", e só os ricos é que podem ter "consciência ecológica!" - como afirmou António Costa Pinto (o historiador convidado para o tal debate). Nada mais fundamentalmente errado. Os pobres têm bem a noção do que significa perder gado porque as pastagens desapareceram, sabem bem o que é mudar de vida para poder sobreviver às mudança do seu habitat. E, para espanto de muitos, um estudo, publicado pelo The Guardian Weekly
mostra que os indianos, chineses, indonésios... estão mais dispostos a mudar os seus hábitos (a consumir menos !) do que os ricos (europeus e americanos).
O cerne do problema é mudar a visão antropocêntrica (existem outras espécies...outras vidas em risco) e eurocêntrica que temos do mundo. Olhar o mundo como um todo, pensar para além do conforto da fralda descartável e do automóvel.

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