Nem os tubarões escapam à voracidade humana

Pesca e comércio de tubarão na Europa

Algumas das mais importantes nações pescadoras de tubarão do mundo situam-se na Europa. Entre 1990 e 2003, o número oficial de tubarões capturados aumentou 22%, 80% dos quais foram capturados por 20 países - que incluíam Espanha, Portugal, Reino Unido e França.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), os países da União Europeia (UE) capturaram cerca de 100 mil toneladas (t) de tubarões (incluindo mantas e quimeras) em 2005. Espanha capturou a maior percentagem, cerca de 40% do total da UE, seguida por França (22%) e por Portugal.

A situação portuguesa

Em 2005, segundo dados da FAO, navios portugueses pescaram 15 360 t de tubarões, principalmente nos Oceanos Atlântico (13 385 t) e Índico (1 975 t). Os mais capturados foram as tintureiras (mais de 50%), seguidos pelas mantas, anequim e algumas espécies de tubarão de águas profundas como a lixa e o carocho.

Possuindo 30 navios, Portugal tem a segunda maior frota de navios de pesca de palangre de superfície da UE. Os tubarões, principalmente tintureiras, tubarões-anequim, tubarões-martelo e tubarões-raposo, são uma grande percentagem dos animais capturados.

As três espécies existentes de tubarão-raposo e de anequim são consideradas vulneráveis a nível global pelo Grupo de Especialistas em Tubarões da UICN, com base nos Critérios da Lista Vermelha, enquanto se propõe que várias espécies de tubarão-martelo sejam incluídas na lista como estando Ameaçadas. A tintureira, potencialmente o tubarão pelágico mais abundante e mais pescado do mundo, é considerada Quase Ameaçada a nível global.

Remoção de barbatanas de tubarão

A remoção de barbatanas de tubarão consiste em remover as barbatanas dos tubarões, lançando depois o corpo ao mar. Estima-se que o lucrativo mercado global das barbatanas de tubarão, usadas para fazer a iguaria asiática "sopa de barbatana de tubarão", esteja a aumentar à medida que a economia chinesa cresce.

Ao longo da última década, a participação europeia no mercado de barbatanas em Hong Kong passou de um nível insignificante, no início dos anos 1990, para quase um terço do total de todas as importações declaradas.

Em 2003, num esforço para impedir a remoção de barbatanas de tubarão, a UE baniu a remoção das barbatanas a bordo dos navios. São concedidas excepções a esta interdição através de autorizações especiais de pesca que exigem que se guardem as carcaças de tubarão e que as barbatanas não pesem mais do que 5% do peso total do tubarão.

O Regulamento da UE sobre a Remoção de Barbatanas de Tubarão também permite a descarga em separado de barbatanas e de carcaças e o transbordo de barbatanas, criando uma falha significativa na execução da lei.

Em 2007, o governo português emitiu 34 licenças especiais de pesca. Parte delas foi emitida para navios de pesca de palangre de superfície, que capturam tubarões pelágicos como a tintureira e o anequim de forma selectiva, e a outra parte a embarcações que usam redes de emalhar para localizar ou capturar tubarões de águas profundas através de uma pesca mista com redes de emalhar.

Consumo e comércio de tubarões

Os países da UE são grandes potências no comércio global de tubarões. Em 2004, a Europa importou mais de 26 mil toneladas de carne de tubarão, o que representa quase 30% da importação mundial de tubarão. No mesmo ano, os países da UE exportaram mais de 40 mil toneladas de carne de tubarão e seus derivados - quase 40% do total das exportações mundiais. Em 2006, a situação mudou com a UE a importar mais tubarões do que a exportar: os países da UE importaram mais de 40 mil toneladas de produtos derivados de tubarão e exportaram quase 34 mil toneladas.

Portugal é um importador e exportador de produtos derivados de tubarão relativamente pequeno. Em 2006, as empresas portuguesas importaram 3 011 t de produtos derivados de tubarão e exportaram 2 215 t.

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