Quanto se gasta ( e desperdiça) com a iluminação pública ?



Esta rua, junto às Escolas das Alhadas de Baixo, é iluminada há mais de 3 anos desde meados de 2004. Os passeios são bons, o asfalto do melhor que há. Esperava-se que a infra-estrutura de qualidade, paga com o dinheiro dos contribuintes, servisse as pessoas. Não serve. Ninguém vive naquela rua em regime permanente. Não passa por lá um carro.... são raríssimos os peões. Nada. Está vazia. Mas tem intensidade luminosa. Dezenas de lâmpadas de sódio ( de 50 Watts ??) a queimarem carvão (a energia eléctrica vem em grande parte das Centrais a carvão de Sines e do Pego, o carvão é importado da Polónia e da África do Sul), e para quÊ ? Para nada. As centrais estão a poluir (patículas, óxidos nitrosos, CO2) sem que tenhamos uma razão para tal.
Um cálculo conservador permite estimar em 7.500 kW gastos por ano nesta via, cerca de 820 euros por ano i.e. 2.500 euros nestes três anos. Muito dinheiro queimado para nada. Ou melhor, permite-me a mim ir passear o cão com luz forte....

No concelho da Figueira gastam-se anualmente cerca de 890.000 euros em iluminação pública. Muito dinheiro....Garanto-vos que pelo meos 30% desta iluminação não faz qualquer sentido, e porquê:
- As vias iluminadas não têm qualquer trânsito viário ou pedonal
- Vias com boa visibilidade e sem necessidades de iluminação (recta da Gala)
- Pontos de iluminação redundante ( 2 e 3 candeeiros quando bastava um)
- Focos a iluminar "monumentos" durante toda a noite, quando bastaria nas horas de maior visibilidade (20h - 01h)
- Iluminação pública que só serve privados (barracas da praia em Buarcos)
- Jardins iluminados de tal forma que ferem a vista, sem nada nem ninguém justifique tal poder de luminância
- Lâmpadas incandescentes e de tecnologia ultrapassada

São estas medidas de racionalização que os responsáveis autárquicos não tomam, e daí, acumularem-se dívidas e oportunidades perdidas.

Pelo contrário, existe enraizada na gestão autárquica a ideia de que a iluminação dá votos, é sinónimo de progresso, é uma mais valia. Então toca a iluminar com o beneplácito da EDP e da REN, tudo o que é caminho rural, jardim, estrada e via ...mesmo que não passe ninguém, mesmo que não se justifique. Para satisfazer estes caprichos inconscientes, o país importa milhões de euros de carvão, gás natural e petróleo. Ficamos todos mais pobres.

O Governo de José Sócrates deveria apostar muito mais na conservação de energia, no seu uso adequado e racional, premiando melhor quem produz a sua própria energia (ver o que se passa na Áustria, Alemanha e até na Grécia). Em vez disso insistimos nos mega projectos, na concentração da produção. De certa forma financiamos o desperdício.

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