Restaurantes, cafés e a ASAE - Quem tem medo ?

Ao contrário de uma certa direita, e mesmo da esquerda radical, sou favorável a que a ASAE faça cumprir a Lei. Os restaurantes e cafés que frequento, aqui no centro da Figueira da Foz, apresentam problemas básicos de higiene e uma falta de profissionalismo atroz. Passo a descrever somente a realidade visível....

Os empregados raramente estão fardados, e muitas vezes apresentam uma indumentária suja indiciando falta de cuidado pessoal com a higiene.
Mexem no dinheiro e na comida, em simultâneo. Não sabem servir à mesa, porque não têm a mínima formação. Tanto podiam estar ali como em qualquer outro serviço.
Muitos empregados aqui na Figueira fazem má cara quando se pede "um café" - parece que nos estão a fazer um favor, nem um "Bom Dia".
Empregados há que são sobrinhos, tios, padrinhos e vão ali fazer um biscate.
A louça aparece frequentemente partida, com falhas que podem levar ao corte de um lábio.
As ementas são muitas vezes papéis sebosos e com mau aspecto. Simplesmente desagradável.
Muitos cafés e restaurantes são autênticos frigoríficos de Inverno. Mais frio do que na rua, pudera com a porta sempre aberta.

Facturas ? Recibos ? São ainda muitos os cafés que se escusam a pagar o IVA e outros impostos, e por isso, não entregam ao cliente o recibo correspondente à despesa.

Muitos cafés com esplanada (por exemplo na Av. 25 de Abril) escusam-se a limpar o passeio que lhes serve de base de exploração comercial. Isto é, têm por obrigação Camarária limpar o domínio público que sujaram de papéis, plásticos...etc, mas não o fazem. A Câmara Municipal também não fiscaliza nem aplica os seus próprios Regulamentos.

A colocação do lixo por parte dos cafés e restaurantes é muitas vezes lastimosa. Separam pouco, reciclam menos, e alguns depositam o lixo (restos de comida) a granel nos contentores. Resultado, contentores completamente imundos, lixo fora dos contentores e despesa acrescida para os restantes munícipes. A maioria das pessoas não tem consciência que subsidia com os seus impostos o lixo produzidos pelo comércio em geral. Na Figueira ainda não se aplica o princípio poluidor-pagador.

Neste âmbito já assisti a uma cena escandalosa: um proprietário de uma café do concelho que deitava os seus resíduos no meio do pinhal. Depois de um aviso sério, parou de conspurcar a paisagem.

As casas de banho de muitos cafés não apresentam a salubridade mínima (muito também por culpa de alguns clientes incivilizados). Falta luz, falta papel, falta sabonete, falta arejamento, falta limpeza.

Outros estabelecimentos não cumprem com a Lei do Ruído, música muito alta, televisão aos gritos e claro, vizinhos desesperados com as insónias e um mal estar geral.

Depois de muitos anos de total laxismo eis que surge a ASAE com vontade aplicar a Lei. O que acontece ? Um coro de protestos. Lei ? Onde ? Para quê ? Será excesso de zelo ? Queremos é continuar com as imundíces do costume ! Queremos fumo, taças partidas, WCs sujos, comida imprópria para consumo, empregados mal educados, contentores sujos,....queremos continuar na mesma, o atavismo à portuguesa.



Artigo no Público - Beja santos

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