Quem ganha com as CulturasTransgénicas
Quando a indústria divulga o relatório anual mundial apresenta-se aqui o texto de Prof. Margarida Silva da Universidade Católica do Porto.
QUEM GANHA COM AS CULTURAS TRANSGÉNICAS?
O cultivo de transgénicos a nível mundial está a conduzir a um aumento
massivo do consumo de pesticidas* e só as empresas que os vendem podem
lucrar com tal situação. Isto mesmo foi verificado num estudo agora
disponível (1) que desmonta a realidade cor de rosa apresentada hoje em
Bruxelas pelo ISAAA, uma organização que representa os interesses globais da
indústria da engenharia genética.
De facto,* até a indústria começa a reconhecer que o consumo de pesticidas
está a aumentar*. Em entrevista (2), uma representante da EuropaBio
(associação europeia de bioindústrias) afirmou que se têm vindo a verificar
"aplicações muito maiores de Roundup [herbicida], junto com uma série de
outros químicos."
Os números do próprio governo americano mostram que, entre 1994 e 2005, o
consumo de glifosato (o princípio activo do Roundup, o pesticida mais usado
em transgénicos) aumentou 15 vezes. Só entre 2005 e 2006 a aplicação de
glifosato em soja transgénica subiu 28%, tendo atingido o total de 44 mil
toneladas em solo americano.
Apesar destas subidas o uso de outros pesticidas, ainda mais tóxicos e que
as culturas transgénicas prometiam evitar, não está a declinar. Nos Estados
Unidos, o país que mais cultiva transgénicos em todo o mundo, a aplicação de
2,4 D (um herbicida altamente tóxico e um dos componentes do Agente Laranja,
de má memória) em soja mais do que duplicou entre 2002 e 2006. A atrazina,
proibida na União Europeia devido à sua toxicidade, aumentou 12% na culturas
americanas de milho transgénico entre 2002 e 2005.
As perspectivas futuras apontam para uma situação cada vez mais grave: à
medida que cada vez mais ervas daninhas se tornam resistentes aos mesmos
herbicidas que as plantas transgénicas toleram, o cocktail químico
necessário para as controlar vai aumentando sempre mais em volume,
toxicidade e número de ingredientes. (3)
Esta situação penaliza agricultores, o ambiente e toda a sociedade. Quem
ganha? Porque os contratos de vendas de sementes transgénicas vinculam o
agricultor a comprar os pesticidas à mesma empresa que produziu as sementes,
quanto mais pesticidas as culturas transgénicas precisarem, mais as
empresas beneficiam.
Notas:
1 - O relatório completo, realizado pela associação Amigos da Terra
Internacional, está disponível para descarregar em:
Final Report
2 - A entrevista integral está disponível em:
Ethical Corp
3 - Para mais informação consultar por exemplo
southeastfarmpress.com/soybeans/122707-resistant-weeds/index.html
QUEM GANHA COM AS CULTURAS TRANSGÉNICAS?
O cultivo de transgénicos a nível mundial está a conduzir a um aumento
massivo do consumo de pesticidas* e só as empresas que os vendem podem
lucrar com tal situação. Isto mesmo foi verificado num estudo agora
disponível (1) que desmonta a realidade cor de rosa apresentada hoje em
Bruxelas pelo ISAAA, uma organização que representa os interesses globais da
indústria da engenharia genética.
De facto,* até a indústria começa a reconhecer que o consumo de pesticidas
está a aumentar*. Em entrevista (2), uma representante da EuropaBio
(associação europeia de bioindústrias) afirmou que se têm vindo a verificar
"aplicações muito maiores de Roundup [herbicida], junto com uma série de
outros químicos."
Os números do próprio governo americano mostram que, entre 1994 e 2005, o
consumo de glifosato (o princípio activo do Roundup, o pesticida mais usado
em transgénicos) aumentou 15 vezes. Só entre 2005 e 2006 a aplicação de
glifosato em soja transgénica subiu 28%, tendo atingido o total de 44 mil
toneladas em solo americano.
Apesar destas subidas o uso de outros pesticidas, ainda mais tóxicos e que
as culturas transgénicas prometiam evitar, não está a declinar. Nos Estados
Unidos, o país que mais cultiva transgénicos em todo o mundo, a aplicação de
2,4 D (um herbicida altamente tóxico e um dos componentes do Agente Laranja,
de má memória) em soja mais do que duplicou entre 2002 e 2006. A atrazina,
proibida na União Europeia devido à sua toxicidade, aumentou 12% na culturas
americanas de milho transgénico entre 2002 e 2005.
As perspectivas futuras apontam para uma situação cada vez mais grave: à
medida que cada vez mais ervas daninhas se tornam resistentes aos mesmos
herbicidas que as plantas transgénicas toleram, o cocktail químico
necessário para as controlar vai aumentando sempre mais em volume,
toxicidade e número de ingredientes. (3)
Esta situação penaliza agricultores, o ambiente e toda a sociedade. Quem
ganha? Porque os contratos de vendas de sementes transgénicas vinculam o
agricultor a comprar os pesticidas à mesma empresa que produziu as sementes,
quanto mais pesticidas as culturas transgénicas precisarem, mais as
empresas beneficiam.
Notas:
1 - O relatório completo, realizado pela associação Amigos da Terra
Internacional, está disponível para descarregar em:
Final Report
2 - A entrevista integral está disponível em:
Ethical Corp
3 - Para mais informação consultar por exemplo
southeastfarmpress.com/soybeans/122707-resistant-weeds/index.html
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