A Horta Urbana do Ricardo
Ilustração 1 - Horta Urbana no Mártir Santos antes de 12 de Maio
Ilustração 2 - Horta Urbana no Mártir Santos após a intervenção da Câmara Municipal
João Miguel Vaz
Vereador Não Executivo - PS
Câmara Municipal da Figueira da Foz
Assunto:
Proposta de Horta de Recreio junto ao Bairro Social Mártir Santo, Buarcos
Enquadramento
O Bairro Social Mártir Santo em Buarcos situa-se junto a um terreno camarário, neste momento devoluto, e que servirá para a edificação da sede do Grupo de Instrução e Sport.
MOTIVO
Decidimos solicitar em reunião (5 de Maio), com a Vereadora Teresa Machado, um apoio aos residentes do Bairro, incluindo uma acção de limpeza e o apoio a dois jovens que praticam uma forma de “agricultura urbana” no topo superior do terreno devoluto. A Vereadora Teresa Machado manifestou vontade de agir no âmbito da melhoria das condições de vivência e considerou pertinentes as questões levantadas pelos Vereadores da oposição. Ficou acordada a vontade conjunta de procura de um outro espaço, com condições propícias à agricultura urbana, para substituir o actual.
Na segunda-feira, dia 12 de Maio, na presença do primeiro subscritor desta moção, e no próprio local, os técnicos superiores da Câmara foram informados pessoalmente que a limpeza do Bairro deveria acautelar a horta existente no topo do terreno ( ver Ilustração 1 - Horta Urbana no Mártir Santos antes de 12 de Maio) , evitando a sua destruição.
Infelizmente, constatamos (ver Ilustração 2 - Horta Urbana no Mártir Santos após a intervenção da Câmara Municipal ).que a limpeza foi realizada sem acautelar os interesses de quem passou centenas de horas a trabalhar a terra. A máquina arrasou o terreno.
O Ricardo, um rapaz de 13 anos, aluno da Escola Dom Pedro em Buarcos, resolveu, por iniciativa própria, tornar-se num “agricultor urbano”. Vive num meio adverso mas acredita que pode ser mais feliz ao plantar couves, favas, alhos, chícharos... sem químicos nem agrotóxicos, aplicando conceitos de agricultura biológica, sem o saber, fertilizando a terra com cinzas. E nunca desistiu, mesmo num terreno pobre, acidentado e sem condições especiais de rega. Teve a ajuda pontual de uma amigo da mesma idade.
As máquinas da Câmara de um dia para o outro destruíram o trabalho de meses. Arrasaram o talhão demarcado, com fios, paus e o engenho do Ricardo, a pretexto da limpeza.
Ricardo conforta-se agora com a ideia das plantas que tem em vasos dentro de casa.
Proposta – Constituição de uma Horta de Recreio
A agricultura já não pode ser entendida hoje unicamente pela sua função produtiva nem estar confinada a espaços estritamente definidos para a sua prática, de acordo com a aptidão de uso do solo. São múltiplas as formas que assume e as funções que desempenha, as quais definem a sua importância e viabilidade num determinado contexto e localização espacial. Deste modo, a sua integração no planeamento do território apresenta matizes diversas, que tem de considerar a sua diversidade funcional e a importância assumida a nível local.
Nas Hortas de Recreio, também de uso individual ou familiar, o principal objectivo prende-se com o recreio dos utentes, cuja residência se encontra nas proximidades.
(Citação a partir da "Agricultura Urbana, Rita Calvário"
Neste sentido propomos a consignação tácita por mera liberalidade, de uma parte (um talhão) do terreno "..." ao aluno Ricardo acima citado. Trata-se de uma recompensa a quem de forma voluntária se dedica a uma actividade produtiva e viu o seu trabalho devastado em poucos minutos. Refira-se toda a importância deste projecto a nível social, captando jovens para actividades úteis e pedagógicas e dando-lhes uma formação empírica, e ambiental, insubstituível.
Subscritores da Moção - Vereadores Não Executivos do PS
João Miguel Vaz
António Tavares
Victor Sarmento
Mário Paiva
P.S.: O Vereador com o pelouro do Ambiente, José Elísio, afirmou ao Diário de Coimbra (edição 21 de Maio de 2008) que os trabalhadores da autarquia decidiram que a limpeza se faria sem "estragar a horta, só que quando lá chegaram a horta já não estava e foram informados que foi o jovem que retirou as coisas".
O jovem afirma que não sabia de nada e quando chegou a casa, após passar o dia na Escola, viu a sua horta destruída.
A horta fugiu. Deve ter PERNAS!
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