A informação da RDP e as Pescas

Ouço neste momento as notícias na Antena1 são 16h..." informação com Daniel Belo".
A propósito da redução das quotas de pesca impostas pela União Europeia para 2009, em nome da sobrevivências das espécies, o jornalista deu-nos a ouvir a opinião do Presidente do Sindicato dos Pescadores do Norte.
Segundo este representante dos pescadores a União Europeia quer matar o sector das pescas porque "há grandes interesses que querem levar as pescas para os países pobres onde as condições salariais são baixas". A esta opinião pouco fundamentada não é contraposta informação sobre as causas da redução das quotas nem são ouvidos os responsáveis do Governo ou da União Europeia pelas pescas. O jornalista da RDP também não teve o cuidado de ouvir a comunidade científica nacional, muitos investigadores contribuíram para a elaboração dos relatórios que apontam para a extinção a curto prazo de muitas espécies (raia, tamboril...) caso não se reduzam os actuais níveis de exploração comercial.
Resumindo, o ouvinte menos atento julgará pelo que ouviu, que a teoria do Sindicato é a mais válida e provavelmente a única explicação para a redução da quota pesqueira.
O jornalista teve pouco trabalho: ouviu o Sindicato e já está. Trabalho de pesquisa, explicação das causas mais profundas do problema, contexto do mesmo....etc, nada disso foi feito. Demite-se o jornalista, o editor e a RDP do dever de bem informar. Ficamos todos mais pobres e nem os pescadores lucram com tamanha desinformação, pois a prazo também eles ficarão sem trabalho caso a União Europeia não tome medidas de protecção às espécies. Fomenta-se ainda uma imagem negativa da Ciência e da União Europeia, como forças tacitamente ao serviço dos "grandes interesses" sem contudo serem apresentadas provas...acabam as notícias começa... o futebol, é mais importante !

O comunicado da União Europeia poderá ler-se aqui:
Bruxelas, 10 de Novembro de 2008
Pescas: a política das quotas dá frutos, mas são
necessários mais esforços para 2009

A Comissão Europeia apresentou hoje a sua proposta relativa às possibilidades de pesca e ao esforço de pesca para 2009 no respeitante aos principais recursos haliêuticos do Atlântico Nordeste, incluindo o mar do Norte. A proposta tem em conta o parecer científico mais recente sobre o estado das unidades populacionais de peixes emitido pelo Conselho Internacional de Exploração do Mar (CIEM), o parecer do Comité Científico, Técnico e Económico da Pesca (CCTEP) da Comissão, assim como as informações comunicadas pelos interessados. A sobreexploração da maior parte das unidades populacionais de peixes continuou em 2008. Por conseguinte, para desenvolver um sector próspero no futuro, torna-se necessário pescar menos a curto prazo. A política da Comissão consiste em assegurar a reconstituição das unidades populacionais de peixes através de planos a longo prazo para as principais espécies. No caso das demais unidades populacionais, é aplicada uma abordagem gradual, que consiste em alterar as quotas de 15% ou menos cada ano. Este tipo de abordagem permite assegurar uma certa estabilidade aos pescadores e, ao mesmo tempo, favorecer uma evolução no sentido de obter pescarias mais sustentáveis de um ponto de vista ecológico.

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