Praia de Quiaios

Do blog Caminhadas na Praia de Quiaios surgem críticas, ideias e sugestões interessantes. O autor é um alemão radicado na Praia há alguns anos.

Porém, tem de se alertar que a Praia de Quiaios está com uma grave crise de infraestruturas devido ao facto de haver um péssimo acesso à esta praia pela Figueira da Foz. A estrada que conduz de Buarcos ao longo do Cabo Mondego para a Murtinheira ainda não está alcatroada e em inverno é praticamente intransitável. Mesmo no verão as pessoas têm de fazer uma volta por Quiaios e pela Serra da Boaviagem para chegar à Praia de Quiaios.
A segunda causa que contribui para a quase impossibilidade de manter um estabelecimento comercial aberto nesta praia é a situação de muitas das casa da praia serem utilizadas apenas no verão. Desta forma os estabelecimentos comerciais tornam-se sazonais. Porém, a sazonalidade do comércio não está bem contemplado nas estruturas fiscais de Portugal.
A terceira causa é a falta de estatísticas e de ordenamento - se os comerciantes tivessem estatísticas sobre movimentos comerciais nesta praia fornecidos pela própria Câmara da Figueira da Foz, muitos não iam arriscar-se de abrir mais um café ou mais uma loja nesta praia. Assim, sem esta informação, os comerciantes fazem grandes investimentos para depois irem todos em conjunto à falência. Também neste aspecto devia-se respeitar e manter a perspectiva sistémica!
Eu apelo a isso por experiência pessoal e apelo seriamente às entidades governamentais para tomar estes aspectos do comércio mais em conta. Porque senão, Portugal provavelmente vai manter-se economicamente na cauda da Europa por sempre.
Pessoalmente penso que o turismo podia ser explorado de uma maneira responsável neste local lindíssimo de Portugal, sem prejuízo para a Natureza. De certeza, a concessão do espaço à CIMPOR (Fábrica de Cal) pela Figueira da Foz aconteceu numa altura quando a protecção do ambiente ainda não foi considerado prioritário. Mas agora vê-se que foi cometido um erro na exploração do Cabo Mondego por esta fábrica. No entanto, penso que este erro pode ser remediado de uma forma responsável e sobretudo com uma função medicinal potencialmente valiosa: se no local da fábrica fosse construído como medida de recuperação ambiental um complexo de termas com piscinas de marés, fazia-se assim uma bela recuperação paisagística do buraco enorme que se criou no Cabo.
A agitação do mar no Cabo gera constantemente partículas no ar cheio de iodo e sal - que até reflecta-se indirectamente na flora no Cabo - existem aqui espécies de plantas que se encontram normalmente apenas nas salinas. Este ambiente puro com enriquecimento de iodo deve ser extremamente agradável e saudável para certas doenças de respiração e para pessoas que sofrem de doenças asmáticas.
Claro que devia ser construído um complexo hotelar e termas que se integram bem na paisagem, apenas nos buracos já existentes. Para isso existem arquitectos paisagísticos. Ao mesmo tempo, criava-se com uma infraestrutura destes uma ligação à Praia da Murtinheira e à Praia de Quiaios, - bem necessária - e que nem estava em contradição com o projecto do Parque Geológico da cidade de Figueira nem com o objectivo de proteger o Cabo Mondego devido à sua estrutura geológica única e paisagística e florística valiosíssima.
Estas infraestruturas novas, propostas aqui, permitiam aos Figueirenses, sem prejuízo para a cidade, criar uma ligação às Dunas da Gândara, Gafanha e Mira para lazeres muito saudáveis - caminhadas, percursos com bicicletas, acesso às águas puras e ares puros - para a apreciação desta natureza única do Cabo Mondego, da Serra da Boa Viagem e das Dunas de Quiaios.

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