Eficiência energética: contributo para uma política local sustentável

A Câmara Municipal nas suas diversas infra-estruturas consome muita energia. Tendo em conta que grande parte dessa energia é importada (petróleo, carvão, gás natural), custando milhares de milhões ao país, impõe-se a racionalização do consumo e a procura de alternativas (solar, eólico, biocombustíveis). Há uma falta de consciência para o facto de Portugal andar em contra ciclo: para produzir uma unidade de riqueza usa o dobro da energia dos seus pares europeus (França, Irlanda, Áustria, Alemanha) isto é 0,88 barris de petróleo para gerar mil euros .
Em pleno 2009, esta questão ainda não mereceu a atenção dos responsáveis locais. Utiliza-se a energia de forma pouco racional. Há um desperdício geral materializado nos edifícios por isolar, piscinas de porta aberta e sem uso de painéis solares térmicos, iluminação pública sem reguladores de fluxo, obras promovidas pela Câmara que escapam aos Regulamentos de Comportamento Térmico...etc. Acresce ainda a falta de consciência e sensibilização de quem decide do ponto de vista técnico.
Essencialmente falta pensamento e política estratégica local de energia, apesar de existir um organismo (Agência Regional de Energia do Centro, criada com Fundos Europeus) participado pela Câmara Municipal para estudar formas de melhorar a eficiência energética. Os projectos gerados por estes técnicos foram (e são) sistematicamente ignorados na altura de orçamentar e investir. Desde 2005 que a AREAC tem projectos para utilização de fundos europeus (programa MAPE, 50% contribuição da UE) nas piscinas da Figueira da Foz. Nunca foram utilizados, desaproveitando-se os respectivos apoios.
Se continuarmos pelos caminhos da absoluta irresponsabilidade energética, como tem sido regra até ao momento, não haverá rios nem barragens suficientes para tanto desperdício e má política.
As soluções são sobejamente conhecidas: realizar auditorias energéticas, medir consumos, verificar progressos, investir na conservação de energia e apostar nas renováveis como forma de gerar receita. Segundo os especialistas, 20% do consumo de energia da Câmara Municipal poder-se-ia facilmente reduzir com medidas de racionalização, o que significa entre 300 a 400 mil euros de poupança anual.
Já perdemos demasiado tempo com políticas erradas e zero iniciativas nesta área: não há um único metro quadrado de painéis solares térmicos instalado pela Câmara Municipal.

Publicado no jornal " A Voz da Figueira"
15.05.2009

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