Debate dos Candidatos à Câmara Municipal da Figueira da Foz

A minha apreciação pessoal ao debate de ontem no Casino, perante uma plateia numerosa.

Javier Vigo (MMS) - o candidato mais irreverente, na linguagem e forma de se expressar, proporcionou os momentos mais hilariantes. Joga bem com as palavras e trocadilhos, mas desconhece os temas principais da governação local,assumindo-o. Um outsider sem ambições a ser poder que muito incomodou Duarte Silva.

Duarte Silva (PSD) - como ele próprio afirmou está há 20 anos na Câmara, mas continua a culpar sempre "os outros" (sem nunca concretizar) pela sua incapacidade em gerir a Figueira. Vitimiza-se constantemente, como se nunca tivesse tido poder para mudar o rumo que a Câmara leva. Durante o debate foi ultrapassado pelos acontecimentos, fugindo às questões concretas, nunca explicando como foi possível chegar a uma dívida de quase 90 milhões de euros (3.500 euros por família). Absolutamente constrangedor relativamente à revisão do PDM (datado de 1994): não fizemos porque as Leis não o permitiram... mas houve outros concelhos que conseguiram rever o PDM!

Silvina Queiroz (CDU) - um discurso pobre, vago q.b. , implicitamente defendendo a continuação da FGT. Não apresenta soluções concretas, nem sequer falou dos trabalhadores da Câmara (destacados nas Águas da Figueira) cujas carreiras estão congeladas há anos impedindo-se a sua promoção,ou não. Defendeu a dispersão da construção, com alteração do PDM de forma a que se possa construir nas periferias, sem atender aos enormes custos que tal implica para o país (transportes, infra-estruturas, desertificação dos centros da cidade e das vilas e aldeias; morte do comércio local). Mais uma vez renovou a oposição da CDU ao Provedor Municipal. Pouco de esquerda, nenhuma proposta interessante.

Geraldes (CDS/PP) - conseguiu mostrar que a dívida da Câmara tem um impacto muito negativo sobre as PME locais. Relativamente aos desafios que a Figueira enfrenta,foi vaga, e não avançou com soluções para a desertificação do centro da cidade, problema por si levantado.

Daniel Santos (100%) - não foi claro relativamente às soluções que preconiza para o urbanismo. Confrontado com o excesso de habitação (1,7 fogos por família no concelho; 2,7 fogos por família em Buarcos) não afirmou que vamos ter que "parar" com a ocupação desenfreada do território, como aconteceu até agora. Deixou em aberto a possibilidade de não assumir o cargo. Pela positiva destaca-se o apelo à participação interactiva dos cidadãos e freguesias na gestão do interesse público. Não conseguiu demarcar-se claramente do tempo em que foi apoiante de Duarte Silva, evitando a crítica forte ao opositor directo do PSD.

Ataíde das Neves (PS) - muito racional na análise, e bem preparado, conseguiu expor algumas ideias base: redução da despesa com maior recurso aos técnicos/trabalhadores da Câmara; fim das "mordomias na FGT"; maior transparência e eficácia dos serviços; orçamento participativo; aproveitamento dos recursos endógenos. Poderia ter sido mais emocional na exposição das ideias, conferindo assim mais vida às suas intervenções. Mostrou que concorre para vir a ser Presidente da Câmara. Assumiu a defesa da DOMUS na sua função social.

Rui Silva (BE) - o mais jovem dos candidatos, foi também o mais contundente, associando Duarte Silva ao processo do Vale do Galante (referindo a sua condição de arguido), à dívida colossal e ao caos urbanístico. Propôs modelos de gestão mais virados para um crescimento em harmonia com respeito pelas singularidades do território. Teve a ousadia característica do Bloco, propondo rupturas com as actuais práticas camarárias. Contudo, faltou concretizar com mais detalhe as suas propostas. Ultrapassou a candidata da CDU pela esquerda, ao repetidamente falar dos direitos dos trabalhadores e dos Bairros Sociais.

Moderador (Luís Ferreira) da Universidade Sénior - esteve muito bem, profissional, preparou bem as perguntas e mostrou-se conhecedor dos "dossiers". Parabéns.

Comentários

  1. O debate - que infelizmente não foi debate, mas sim um questionário - foi pobre. Pobre em conteúdo, pobre em ideias, pobre em propostas e pobre em soluções. Quem esperava sair do casino com a esperança que do painel de candidatos poderia surgir uma lufada de ar fresco que desse um novo ânimo à cidade, saiu defraudado.

    Foram todos brilhantes em fazer o diagnóstico da doença, algo que o comum dos figueirenses fará sem grande dificuldade. Propostas para curar a doente é que não há. Ou havendo, é tudo tão vago e tão "logo se vê", que a ideia que passa é que se vão gastar os próximos anos a discutir o que se pode fazer, em vez de agir de imediato com propostas concretas.

    Uma desilusão.

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  2. Concordo com o comentario so sr. Pedro Silva, só não posso é concordar com o post da análise a cada um dos candidatos. Para além de não haver um imparcialismo por parte de quem o postou, a realidade do "debate" a que assisti é deveras distinta da que aqui se tenta mostrar...Para uma Figueira com mais qualidade deveriamos ser rectos, justos e directos, e não tendenciosos e caluniosos...

    Continuação de bom trabalho...

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  3. O anónimo que colocou o comentário anterior tem razão: a análise é parcial,porque é a minha e logo tendenciosa. Os blogs são isso mesmo, espaços de opinião. Se não concorda poderá expor a sua visão, de quem gostou? quais foram os argumentos mais convincentes? ....etc.
    Não considero ter sido calunioso na minha apreciação, muito pelo contrário.

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  4. Só falta dizer que o PDM ainda em vigor foi aprovado pela gestão socialista.
    Bonito serviço...

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  5. Convem talvez ler o artigo de Daniel Santos, há muitos meses publicado na "Voz da Figueira" (cujos números foram repescados pelo "moderador"), onde se preconiza que é necessário desenvolver a economia local para ocupar os fogos vagos.

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