O capitalismo,os limites da produção e o desemprego

Faço copy e paste de um post do prezado economista Rui Fonseca.

O tema é cada vez mais recorrente. Já lhe dediquei vários apontamentos neste caderno. Nomeadamente, a 16 de Junho de 2006 transcrevi aqui, do Público, parte de uma premonição feita numa entrevista concedida por Agostinho da Silva em 1990 aquele jornal, que concorre no mesmo sentido das minhas convicções acerca da inevitabilidade da redução do trabalho até à sua quase extinção:
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“Não podemos pôr de parte a ideia de que o capitalismo domina a nossa vida. E tem que dominar, porque só uma economia capitalista pode levar a um desenvolvimento pleno do mundo e acabar a guerra contra a carência, que vem de longe”“Um dia, chegaremos a um ponto em que toda a economia desaparecerá e que será apenas uma recordação do passado, como queriam os portugueses do sec XIII (Ilha dos Amores, segundo Luis de Camões) (…) Esses portugueses queriam que a vida se tornasse gratuita, não reclamavam apenas que a vida se tornasse mais barata do que era, mas sim que se fizesse todo o possível para que um dia fosse inteiramente gratuita”“Continuamos, hoje, a dizer que as pessoas que têm o tempo livre e que talvez nunca mais trabalhem são “desempregados”, como se houvesse emprego para eles. Não há. E nós temos que resolver esse problema de alimentar, educar e instruir os homens com tempo livre, para que eles sejam plenamente os tais poetas à solta”“Espero que, um dia, tudo o que é obrigatório fazer, hoje, para assegurar a campanha de produção deixe de ser necessário, porque as coisas vão melhorando de tal ordem, que será possível a cada um entrar cada vez menos nesse jogo geral da produção. E, então, cada um pode dar a sua mensagem particular ao mundo e fazer a sua obra, porque é único. Acho que chegaremos a esse tempo, porque, quando se olha para a marcha da história, as aproximações têm acontecido e estão a acontecer hoje de uma forma cada vez mais rápida”“Eu costumo dizer que a vadiagem é uma das formas de poesia”“O homem não nasce para trabalhar (mas sim) para criar”
“No futuro, não vai haver emprego para os meninos”.

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A crise actual veio acelerar a tendência que tenho realçado e que contraria aquilo que muitos têm por adquirido: o aumento da produtividade conduzirá inevitavelmente à redução da necessidade de trabalho; o aumento de produção não pode ser correspondido por uma aumento paralelo de consumo, por várias razões (exaustão dos recursos naturais, degradação ambiental, entre outros) e também porque o homem dispõe individualmente de um tempo limitado para consumir e de um tempo tendencialmente ilimitado para produzir. Consequentemente, as sociedades habituar-se-ão a trabalhar cada vez menos. O ajustamento a essa nova realidade sociológica será tanto mais traumatizante para os atingidos quanto mais vigoroso for o crescimento da produtividade nas sociedades economicamente mais desenvolvidas.
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Rui Fonseca in Aliastu.blogspot.com

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