A "crise" não se sente

Chego a Portugal, após uma semana em São Tomé e Príncipe.

No aeroporto de Lisboa os desperdícios caucionados pela ANA são os mesmos de sempre. Instalaram recentemente 18 grandes "plasmas" nas passadeiras onde se recolhem as bagagens. Para mostrar o quê ? Portugal aos turistas ? bonitas paisagens e informação sobre os transportes públicos ?  Não, os cerca de 15.000 euros gastos em "plasmas" servem para mostrar a TVI e a Júlia Pinheiro, sem som ! Um desperdício, um absurdo, um péssimo exemplo de investimento por parte de uma empresa pública deficitária. 
Já tinha anteriormente reparado que  a ANA à noite não cuida de desligar luzes e monitores que não estão a ser utilizados. Perdem-se certamente milhares de euros por ano em desperdício de energia elétrica.

O frio entra pelas portas aberta do Aeroporto. Estão mal concebidas e não permitem a retenção do ar, que circula quente para o exterior. As consequências são claras, desperdício de milhares de euros em energia, mais uma vez por má concepção dos técnicos e projetistas...parecem estar-se nas tintas para a economia e a eficiência energética. Os gestores da ANA não estão para se maçar com estes detalhes, ou já teriam agido em conformidade.

O taxista que me acolhe repete os tiques que são imputados a esta classe. Digo-lhe que vou para a estação do "Oriente". Responde-me "- Pensei que ia para mais longe...." O taxímetro é ocultado pelo banco da frente reclinado. Sou obrigado a colocar-me atrás do taxista para verificar se começámos do zero ou se já estou a pagar antes de arrancar. O taxista queixa-se do meu posicionamento, atrás dele, será que o vou assaltar ? - pergunta-me de forma insolente e rude.

Na estação do Oriente, tudo como sempre, muitas pessoas às compras, centro comercial cheio, o Intercidades já esgotou e o Alfa Pendular vai ser desdobrado (é sexta-feira, 18h). 

Para um país em que se fala tanto de fome e miséria, ao visitante surgem poucos sinais disso mesmo, não há pedintes nem vagabundos por ali e nas imediações. A crise parece que só existe na comunicação social, os sacrifícios do povo são pouco visíveis, não quer dizer que não existam, mas devem estar escondidos. 
A Lisboa de hoje não parece apresentar mais sinais de pobreza do que há 10 ou 20 anos atrás. Lembro-me da pressão intensa dos sem abrigo e drogados nas imediações de Santa Apolónia, nos anos 80. Aos 16 anos fui obrigado (perdemos o último comboio e não tínhamos dinheiro, multibanco nem telemóvel...) a dormir uma noite por lá, ao relento entre os mais desfavorecidos. Uma lição de vida que me ensinou a valorizar a segurança de ter uma cama e um lugar quente para dormir.



Comentários

  1. Completamente off-topic...

    Iniciativa interessante para apresentar ai na Figueira

    http://www.closethedoor.org.uk/component/option,com_frontpage/Itemid,1/

    Cumprimentos

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