Destruição das árvores ornamentais urbanas: podas camarárias

A associação Árvores de Portugal lamenta a hipocrisia associada ao "tratamento" que a maioria dos municípios empresta às árvores ornamentais.

Estas imagens retratam o que acontece às árvores das nossas cidades, após anos e anos de sucessivas podas radicais. São a prova de como estas práticas debilitam as árvores, ao invés do mito urbano de que são essenciais e até benéficas para as mesmas.

E não nos esqueçamos da componente estética, pois uma das funções de uma árvore ornamental é melhorar a qualidade paisagística das cidades. Alguém consegue vislumbrar beleza ou mesmo utilidade nestas árvores? Sendo que chamar árvore a estes tocos deformados é um eufemismo com o qual nem todos concordarão.

Ao invés de cumprirem a sua função de ajudar a contribuir para esbater os efeitos do mau urbanismo das nossas urbes, elas acentuam essa falta de qualidade, contribuindo para a degradação do espaço público.

Dizer que esta é um fenómeno que não é exclusivo de Portugal, bastando atravessar a fronteira para ver situações idênticas na vizinha Espanha, em nada contribui para a minha felicidade, pois sou incapaz de me consolar com o mal dos outros.

Há, no entanto, uma particularidade sinistra que gostaria de sublinhar. Nos anos que levo a escrever sobre estes assuntos, tenho-me apercebido que no Brasil, estes actos são praticados, maioritariamente, por cidadãos que tomam a iniciativa de podar as árvores das ruas, cabendo às prefeituras a prevenção ou a punição destes actos.

Em Portugal, pelo contrário, são as autarquias, com o dinheiro dos nossos impostos, quem promove essa destruição. Autarquias essas que, muitas vezes, se desdobram em actos de pretenso amor à árvore, patrocinando inúmeras iniciativas ligadas ao Dia da Árvore ou aderindo a campanhas como a recente Plantar Portugal. Ora isto, em bom português, tem apenas um nome: hipocrisia.


http://www.arvoresdeportugal.net/2011/04/monstruosidades-urbanas-e-hipocrisias/

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O areal da praia urbana da Figueira da Foz

Alferes Robles, massacres de 1961 e a Guerra de Angola