Artigo - O tomateiro da praia



Tomateiros no areal
Desde o final dos anos 60 que a praia da Figueira é imenso areal. Trata-se de uma construção do homem, onde se acumula areia devido à construção dos molhes. Estes viabilizam economicamente o porto comercial mas inviabilizam a dinâmica natural da costa
Estes factos simples são muitas vezes negados por diversos setores da sociedade figueirense que não aceitam que a praia é uma faixa dinâmica de poucas dezenas de metros. O restante terreno parece praia mas não é, se o fosse os tomateiros não germinariam aí!
Há quem defenda que o areal deve permanecer árido, sem vegetação espontânea. Esta “vaidade estética”, este capricho contranatura, custou-nos mais de 50 mil euros por ano no tempo em que o areal era lavrado.
Na opinião consensual dos especialistas a via a seguir, se queremos preservar as praias e a costa, é a renaturalização. Significa isto retirar molhes e construções que potenciem a erosão.
No caso da Figueira, esta opção poderá consistir no transporte de areia, passando-a para sul, onde é necessária. Este bypass das areias parece ser uma boa solução, a explorar. Como? Quais os custos? Esta discussão é interessante, e deveria ser mais técnica do que política. Mas, infelizmente, os dinamizadores da ideia, talvez por feitio, não souberam colher apoios na comunidade científica. A última edição da Revista da Ordem dos Engenheiros, dedicada ao “Litoral” demonstra-o: em 52 páginas não fala do bypass da Figueira! É pena.

texto publicado no jornal As Beiras, 09.08.2014

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