O mito da boa poda ou a destruição da copa das árvores - ALhadas, Figueira da Foz

Alhadas - a destruição da copa das árvores em espaço público mostra como ainda estamos na "idade da pedra" em termos de gestão ambiental.



A seguir o resumo de um email que dirigi ao Presidente da Junta de Freguesia de Alhadas

Exmo. Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Alhadas
Jorge Manuel Bugalho Silva
   

Gostaria pessoalmente contribuir para que o nosso concelho, e freguesia de Alhadas em particular, sejam territórios de qualidade, bem geridos do ponto de vista ambiental e paisagístico.
Pretendo com este email dar o meu contributo para tal objetivo. Nesta matéria tenho responsabilidades acrescidas por ser membro fundador da Associação "Árvores de Portugal", tendo realizado várias intervenções públicas desde 2005 neste âmbito.

Assistimos nos últimos dias, a podas e rolagens efetuadas pela Junta (?) que deixaram árvores do Parque Infantil de Alhadas de Cima, reduzidas a troncos amputados e mais vulneráveis a doenças e quedas
O mesmo de sucede em outras partes do concelho. A poda é aqui entendida como rolagem e destruição completa da copa da árvore.
Do ponto de vista técnico as intervenções são absurdas e mostram falta de conhecimento de quem as ordena e pratica, enfraquecendo as árvores e tornando-as mais propensas ao colapso e queda.

No caso de Alhadas, as árvores ornamentais dos jardins, ruas e parques, transformaram-se em troncos decapitados que mais parecem forcas.
Não há razão que sustente esta agressão, porque simplesmente as árvores não colidem com o edificado nem estão em risco.
Atarracar o arvoredo é ainda destruir a beleza e o habitat da avifauna que nele vivem.

As árvores assim roladas e podadas saem enfraquecidas, uma vez que após uma poda severa o arvoredo tende a recuperar o seu equilíbrio entre a parte aérea e a subterrânea emitindo profusamente rebentos ao longo tronco e na extremidade dos ramos, considerando-se enganosamente que houve uma renovação do vigor das árvores.
Mas, esquecendo que esta rebentação se fez à custa das reservas existentes na planta, provocando nas árvores um enfraquecimento, tanto maior quanto mais intensa for a poda.
As feridas de cicatrização expõem grandes superfícies às podridões, ao ataque de insectos e de fungos, reduzindo a vida da árvore.

A poda justifica-se para a supressão de ramificações laterais das pernadas, sem nunca degolar o eixo principal da árvore; retirar ramos doentes e secos, que possam causar acidentes aquando da sua queda; evitando que as árvores danifiquem o edificado.
Estas podas devem ser executadas com o maior cuidado (e foram em anos transactos, até 2013), para valorizar o arvoredo, em vez de o enfraquecer.
       
Atenciosamente,
João Vaz
Deixo os links para artigos sobre o tema que corroboram a minha opinião do ponto de vista técnico:

Ordem dos Engenheiros - Mitos Urbanos: as podas de árvores ornamentais
http://pt.scribd.com/doc/25967873/Mito-Urbano-Podas-OE

Arvores de Portugal
http://www.arvoresdeportugal.net/2011/04/este-pais-nao-e-para-arvores/      

 
 
 
 
Fica ainda um vídeo do programa BIOSFERA dedicado ao assunto:


   

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