O mundo maravilhoso do eucalipto
Em terra de celuloses é difícil escrever sobre o eucalipto e a sua estreita relação com o número e violência dos incêndios.
A negação pura e dura dos efeitos nefastos do eucalipto, enquanto espécie invasora plantada em quantidades excessivas, torna-se mais fácil do que debater serenamente as formas de contrariar esta "invasão".
Contudo, a CELPA - organismo que defende os interesses das celuloses , faz o oposto, vem a público afirmar que o "eucalipto" não contribui para o problema dos incêndios e do desequilíbrio ecológico do país. Pelo contrário o país precisa de mais eucaliptos, ordenados e sem matos, propriedades bem limpas. Até podemos concordar com a necessidade de ordenamento, mas para isso vai ser preciso arrancar muito eucaliptal, muita coisa que está mal. E como fazer isso ? Um desafio enorme de que pouco se fala.
Bastará olhar para o que os outros escrevem sobre nós-
aqui e aqui...
POLITICO
http://www.politico.eu/article/portugal-fire-eucalyptus-killer-forest/
Christina Skull
https://christiankull.net/2017/06/22/fire-portugal/
More pertinently, it seems to me, attention is also drawn, in some of the more detailed press analyses, to the wholesale changes that the Portuguese landscape has undergone in the post-WWII period. The eucalypt is just the biological symbol of massive social and economic transformations. Seventy years ago, the hills were grassy or scrubby, with scattered stands of oak or pine and occasional exotic plantations. Hills were widely used for grazing sheep and goats, harvesting firewood for household use, and to complement farming. Especially from the 1950s onwards, the government established large-scale forest plantations – particularly of maritime pine – on the hills, and supported the establishment of a pulp and paper industry. While some local entrepreneurs benefited, small farmers were marginalised. As Portugal integrated more and more into the European labour market, the economy grew, with major outmigration to urban areas and other countries. These forces pushed land abandonment and depopulation in rural areas, with plantation forests replacing marginal pasture and farmland. Land managers, whether private, or municipalities outsourcing their common lands to official forest services, increasingly turned towards eucalyptus plantations (often with acacias appearing in the understory or after fires). More recently, more and more questions have been raised about these omni-present neo-Australian landscapes – with eucalypts covering 7% of the country!
A negação pura e dura dos efeitos nefastos do eucalipto, enquanto espécie invasora plantada em quantidades excessivas, torna-se mais fácil do que debater serenamente as formas de contrariar esta "invasão".
Contudo, a CELPA - organismo que defende os interesses das celuloses , faz o oposto, vem a público afirmar que o "eucalipto" não contribui para o problema dos incêndios e do desequilíbrio ecológico do país. Pelo contrário o país precisa de mais eucaliptos, ordenados e sem matos, propriedades bem limpas. Até podemos concordar com a necessidade de ordenamento, mas para isso vai ser preciso arrancar muito eucaliptal, muita coisa que está mal. E como fazer isso ? Um desafio enorme de que pouco se fala.
Bastará olhar para o que os outros escrevem sobre nós-
aqui e aqui...
POLITICO
http://www.politico.eu/article/portugal-fire-eucalyptus-killer-forest/
Christina Skull
https://christiankull.net/2017/06/22/fire-portugal/
More pertinently, it seems to me, attention is also drawn, in some of the more detailed press analyses, to the wholesale changes that the Portuguese landscape has undergone in the post-WWII period. The eucalypt is just the biological symbol of massive social and economic transformations. Seventy years ago, the hills were grassy or scrubby, with scattered stands of oak or pine and occasional exotic plantations. Hills were widely used for grazing sheep and goats, harvesting firewood for household use, and to complement farming. Especially from the 1950s onwards, the government established large-scale forest plantations – particularly of maritime pine – on the hills, and supported the establishment of a pulp and paper industry. While some local entrepreneurs benefited, small farmers were marginalised. As Portugal integrated more and more into the European labour market, the economy grew, with major outmigration to urban areas and other countries. These forces pushed land abandonment and depopulation in rural areas, with plantation forests replacing marginal pasture and farmland. Land managers, whether private, or municipalities outsourcing their common lands to official forest services, increasingly turned towards eucalyptus plantations (often with acacias appearing in the understory or after fires). More recently, more and more questions have been raised about these omni-present neo-Australian landscapes – with eucalypts covering 7% of the country!
A introdução indiscriminada do eucalipto foi um erro e a introdução indiscriminada do pinheiro (muito mais combustível) foi um erro ainda maior. Depois, foi só juntar o desordenamento do território e a migração para a cidade e ficamos com o actual panorama. Interessa agora não piorar ainda mais o problema.
ResponderEliminarSe amanhã proibíssemos por completo a plantação de novos pinheiros e eucaliptos, o que aconteceria? Os carvalhos e os castanheiros não regressariam espontaneamente, nem as atuais matas se transformariam em prados de pastoreio.
Muito provavelmente, os mesmos pinheiros e eucaliptos continuariam a crescer, agora de forma desordenada e espontânea, agora intercalados por silvas e acácias, num verdadeiro cocktail ainda mais explosivo do que o actual. Ficaríamos pior.
Era óptimo transformar o interior numa enorme mata de folhosas, mas isso exigiria um esforço de investimento em escala industrial que não é claro quem pagaria, sobretudo num clima de propriedade pulverizada e muitas vezes desconhecida. Não parece plausível que esse investimento colossal emerja por si mesmo, até porque não há condições jurídicas e económicas para ele.
Assim, as alternativas parecem ser: A) deixar o território entregue a si mesmo, vencendo as espécies mais infestantes (pinheiros, acácias, eucaliptos e silvas); B) continuar a sonhar com um território de árvores autóctones, sem explicar quem o vai plantar e manter; C) plantar pinheiros e eucaliptos, mas de forma ordenada e consolidada, com responsabilização das celuloses e das indústrias de madeira pela sua preservação e com uma consolidação das propriedades em áreas suficientemente grandes para justificarem projetos de florestação bem concebidos e vigiados.
Pessoalmente, preferia a opção B) mas não vejo mesmo quem a vá tornar praticável. A menos que veja alguém conseguir a opção B, se tiver de escolher, prefiro a opção C), pois a A) só irá piorar uma situação já muito má.