Dívida à ERSUC chega ao milhão de Euros


Os resíduos são em primeira linha, e por definição, um bem não económico. A lógica de mercado que os rege é muito diferente de outros bens, a sua não produção, não existência é o ideal. O Mercado tende, pelo contrário, a premiar a produção, o aumento, a multiplicação de unidades. Por isto tudo a onda de privatizações de Serviços de recolha de RSU tem vindo a reverter-se noutros países da Europa (Alemanha, Espanha). Os alemães chamam-lhe "Rekommunalisierung" - a recomunalização dos Serviços, a comunidade presta em exclusivo este tipo de Serviços, a bem da comunidade. Isto porque se verifica que fica mais barato ao contribuinte ser o Estado a prestar este tipo de Serviços.
Alguns académicos (por ex.: Germá, Bel) estudiosos do fenómeno explicam em detalhe as distorções do Mercado e a ausência de concorrência directa neste sector.
Em Portugal, os poucos dados existentes apontam para preços de recolha mais baixos quando é a autarquia a prestar o Serviço. Mesmo quando se privatiza, como aconteceu há dias no Porto, não se apresentam estudos nem números. Privatiza-se com base na ignorância e no preconceito: os privados são mais baratos e eficientes. Um erro que os contribuintes vão pagar caro.

Na Figueira optou-se há cerca de 7 anos, salvo erro no mandato de Pedro Santana Lopes pela privatização da recolha de resíduos sólidos urbanos. A empresa espanhola Novaflex, ganhou o concurso, e faz a recolha de resíduos indiferenciados em todo o concelho.
As dívidas da Câmara Municipal da Figueira da Foz têm aumentado, atingindo já mais de um milhão de euros no sector dos resíduos, isto só à ERSUC. A pergunta que se coloca é simples, que investimento se faz na reciclagem ? Qual o envolvimento da população nestas questões ? Porque pagam tanto quanto um particular os restaurantes, supermercados, indústria pela recolha, transporte e deposição dos seus resíduos ?
Na foto acima publicada, tirada há dias na Rua dos Combatentes, vê-se como os gerentes comerciais agem em relação ao cartão e às embalagens: no lixo, para o aterro. Quando, a pouco metros está um Ecoponto onde estes materiais poderiam ser valorizados e custariam zero à autarquia (a Câmara não paga a recolha selectiva feita pela ERSUC). Mas quem fiscaliza ? quem os obriga a civilizarem-se ?
Ninguém. As autoridades demitem-se das suas competências, com prejuízo de todos nós. Não há Live Earth que nos salve se este tipo de comportamentos permanecer.

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