Falsas Impressões - Comentário ao Quinto Poder de Saraiva Santos

Muçulmanos em Munique

Vivi na Alemanha durante 6 anos. Trabalhei na Turquia 3 meses numa remota cidade da Anatólia em 1995.

No Verão quando visitava Munique e outras cidades muito turísticas, achava estranho o facto de se verem muitos mais árabes (não confundir com turcos nem persas) nas ruas do que o normal. Daqueles árabes típicos dos filmes, da Arábia, eles com turbantes, elas com o véu islâmico, o Shador.
Eram simples turistas que vinham à procura do cosmopolitismo europeu, compravam imenso nas melhores lojas.
No blog de Saraiva Santos, o Quinto Poder , o autor insurge-se com esta invasão do fascismo islâmico, diz que viu "elevado número de jovens com tapadas da cabeça aos pés" em Marienplatz, Munique. Situação muito preocupante segundo Saraiva Santos.
Diga-se que desde 1960 que existe uma Mesquita em Munique. Está em projecto uma segunda.
E, depois faz uma grande confusão com a comunidade turca.
Aquilo que Saraiva Santos ignora é que os turcos são de todos os menos islâmicos, na Alemanha, não há praticamente turcas a usar o Shador. Integraram-se mais facilmente até que outras comunidades estrangeiras.
Na Alemanha, ao contrário do que acontece em França, os problemas com a comunidade muçulmana são reduzidos. Os atentados dos radicais ainda não se fizeram sentir (com a excepção de um atentado frustrado em 2006) como em Inglaterra ou Espanha.
Saraiva Santos erra na sua avaliação superficial, e avança com inusitada ignorância numa campanha islamofófica, misturando Ataturk com intolerância perante uns turistas árabes que se vestem de acordo com a sua tradição ancestral. Fascismo seria impor-lhes uma indumentária Ocidental logo à entrada do país, no Aeroporto, impondo um chinelo Adidas, calção NIKE e camisola Ralph Lauren , isso sim, essa imposição é que é fascismo.

Uma nota solta final: os atentados executados e planeados pelos radicais muçulmanos tiveram como agentes gente banal, homens comuns, desde o Mohamed Atta ao médico jordano a viver na Escócia. Não foram os homens do "Shador" nem os crentes a suicidarem-se em nome da causa.








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