Beaufort o filme israelita e a programação da RTP2


Filme israelita: BEAUFORT

A RTP (1 e 2) raramente mostram bom cinema europeu no horário nobre. Aliás, o cinema na TV é quase todo (95% ?) "made in USA". A SIC e a TVI dedicam-se 100% aos formatados filmes americanos, e disso não passam.
Preocupa-me que a maioria jovens de hoje, ao contrário do que se passava há 20 anos atrás, possam pensar que o cinema só tem uma nacionalidade : Hollywood. Quando eu tinha cerca de 20 e tal anos lembro-me perfeitamente de ver na RTP2 o famoso programa "5 noites , 5 filmes". Uma semana tínhamos a companhia da Abbas Kiarostami ("Através das Oliveiras", 1994) e outros realizadores iranianos; na semana seguinte o cinema russo e o "Sol enganador" do Nikita Mihailkov, depois os chineses, argentinos, brasileiros, italianos, espanhóis, alemães, franceses, japoneses, israelitas,...etc. Apresentavam-se outros mundos, línguas estranhas, personagens bizarras, enfim, outras vivências. Os jovens e menos de hoje dificilmente irão ver o filme BEAUFORT que se apresenta acima. Um história e um grupo de soldados israelitas cercados numa fortaleza do norte do Líbano, e os dramas da vida e da morte associados à vida militar no IDF.
Hoje temos uma RTP1 que vive dos concursos, dos musicais, futebol, filmes americanos e...pouco mais. No prime time recordo com agrado a série "A Guerra" do Joaquim Furtado, das poucas coisas que verdadeiramente distingue a RTP da SIC e TVI. Nos canais privados tudo parece igual, o entretimento básico e a acefalia em forma de programas ditos de televisão.
Voltando à RTP2, precisamos de um canal menos igual à oferta da TV Cabo. No horário nobre, 20-24h a RTP2 apresenta-se com um formato que é um misto de FOX LIFE e National Geographic, isto exceptuando o noticiário e alguns poucos documentários de qualidade. Programação pobre e repetida.

Estamos mais pobres em termos televisivos do que estávamos há 10-15 anos atrás, apesar da multiplicidade de canais. E paradoxalmente temos muito menos Europa, e muito mais Hollywood de segunda. Estamos reféns dos jogos das audiências, muitas vezes medidas de forma falsa e errónea.

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