Pesticidas e herbicidas e seu o uso indiscrimado pelo pequeno agricultor



Quem visita frequentemente a pequena propriedade rural confronta-se com embalagens de pesticidas e herbicidas abandonadas na paisagem. A terra onde estes produtos foram usados sem conhecimento técnico está seca e gretada.
Mesmo em áreas onde a agricultura é de subsistência, as borboletas são poucas, as abelhas raras e as joaninhas desapareceram, sem esquecer outros repteis, vertebrados e ... os pirilampos ! - estes devido à poluição luminosa.

Vem a isto a propósito da queixa de uma pessoa que se guia pelos princípios da agricultura biológica.
" - Uns esforçam-se por preservar a sua saúde e não usam pesticidas nem herbicidas. Outros compram-nos aos litros nas lojas e usam-nos sem rei nem roque. Contaminam não só a sua propriedade mas também as águas e as terras dos outros. Destroem-nos os insectos (as joaninhas...) que controlam as pragas. Enfim, paga o justo pelo pagador.
Há mesmo quem use os herbicidas mesmo antes de semear a terra...
" - uma estratégia de guerra preventiva. Queima-se primeiro, depois logo se vê !

Atenção, o "pequeno agricultor" nem sempre é oriundo de zonas rurais e pobres. É muitas vezes a pessoa da cidade, e até instruída, que faz do campo o seu hobby.

Muitos destes "pequenos agricultores" que abusam dos químicos agressivos não têm consciência dos perigos em que incorrem e do mal que provocam.
O "pequeno agricultor" não é controlado, mesmo que use doses excessivas de produtos químicos. E muitas vezes assume que ainda é pouco, e pior, acha que os seus "produtos são biológicos" e "vende-os" como tal.
Afinal "se o remédio está à venda é porque não faz mal, e é para usar !"

O Ministério da Agricultura parece pouco consciente desta realidade. Vendem-se produtos perigosos para o ambiente "sem receita médica", sem pareceres técnicos, e há tanta gente qualificada pelas Escolas Agrárias a fazer outras coisas...

A agricultura industrial também usa pesticidas e herbicidas e tem efeitos secundários tremendos, mas pelo menos há algum rigor e controlo.

Nos EUA uma recente investigação à causa de morte de milhões e milhões de colónias de abelhas verificou que os pesticidas e herbicidas atingem concentrações elevadíssimas nos insetos polinizadores.

Esta é uma das causas principais da perda de biodiversidade: o uso indiscriminado de químicos agressivos, muitos bioacumuláveis e persistentes, com efeitos trágicos em quem os usa. Há muitos exemplos documentados de tipos de cancro prevalecentes em agricultores e pessoas que entram em contacto frequente com pesticidas.

Em Portugal utilizam-se todos os anos 23.000.000 de quilogramas de pesticidas...2,3 kg de químicos agressivos por habitante !

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