O consumo de peixe , a LPN, Greenpeace e um artigo de Miguel Esteves de Cardoso



Miguel Esteves Cardoso (MEC) escreve no Público diariamente. São crónicas ligeiras sobre tudo e mais alguma coisa, num registo semelhante ao do saudoso Eduardo Prado Coelho.

Na crónica de hoje, faz alusão a um site "Que peixe comer ? " lançado pela Liga de Proteção da Natureza (LPN).
A LPN informa que o consumo de peixe deve ser variado, alertando para as espécies em risco, e afirma ainda o seguinte:

"Adeqúe a quantidade de peixe que ingere às necessidades nutritivas do corpo humano. Reduza a quantidade de peixe que come ou reduza o número de refeições com peixe e é um inicio para reduzir a pressão sobre a vida dos oceanos. Coma mais vegetais, pode substituir os pratos de peixe que confecciona por vegetais. São uma opção alimentar mais sustentável para o ambiente. Por exemplo porque não experimentar Alho francês à Brás?"

MEC não quer aceitar que os recursos são finitos, e como não leu o site da LPN, chama "ignorantes e estúpidos" aos ativistas do Greenpeace que clamam há anos (30 anos...) por uma redução das capturas e apelam à moderação do consumo de peixe.

Os cientistas, os Governos, e qualquer pescador de boa fé, sabem que isto é verdade: há um declínio acentuado das quantidades capturadas. O atum que nos chega a 60 cêntimos na lata de conserva vem do Oceano Índico. No Mediterrâneo e Atlântico Norte está praticamente extinto do ponto de vista da exploração comercial.

Custa-nos muito a aceitar que os portugueses comem peixe (e carne) em excesso. Se todos os habitantes do planeta comessem tanto peixe como os portugueses (57 kg/hab.ano) as capturas totais de peixe chegariam somente para 1/4 da humanidade (15 kg/hab.ano de capturas totais, incluindo peixe capturado para farinhas e óleos alimentares).

Mas, o Greenpeace, a LPN e outras ONGs incidem as suas reivindicações sobre os métodos destrutivos de captura (pesca de arrasto) e o uso de peixe como farinha para animais.

A situação dos mares e oceanos do planeta é grave.

· ¾ dos stocks de peixe do mundo estão
totalmente explorados, sobrexplorados ou esgotados; 88% dos stocks de peixe em águas comunitárias estão sobrexplorados.
· 90% das populações dos grandes peixes predadores (como o
atum, o bacalhau e o peixe espada) estão esgotadas.

· Actualmente só 1% dos oceanos e mares do mundo estão
totalmente protegidos, uma percentagem ridícula quando
comparada com os espaços naturais protegidos em terra (11%).


QuE pEdE A GrEEnpEAcE?

A Greenpeace pede aos principais distribuidores que só disponibilizem produtos do mar que tenham sido obtidos de forma sustentável e que possam garantir que esses produtos não estão ligados a práticas destrutivas.

A Greenpeace pede aos consumidores que exijam aos supermercados que desenvolvam uma política sustentável de compra de produtos do mar e que evitem consumir as espécies mencionadas nesta lista vermelha.



PS Ontem a União Europeia decidiu proibir a pesca industrial ao atum (bluefin tuna) devido ao perigo de extinção da espécie, outrora abundante no Mediterrâneo e Atlântico Este.

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