As Pescas - artigo de opinião



As pescas
Da minha varanda vejo os barcos de pesca a caminho da faina. Imagino a vida dura (e mal paga) dos pescadores, como será passar a noite no mar, o frio cortante do vento, o cheiro a gasóleo.
Uma publicação de 1980 mostra que a pesca costeira representava 24 mil toneladas de capturas totais. A Figueira era então o segundo porto de pesca mais importante. Através de consultas várias, verifica-se que em 2011 foram descarregadas 15 mil toneladas de peixe marinho, valendo 16 milhões de euros[1] Ou seja, deduz-se que o valor médio do peixe na lota é baixo, cerca de um euro por quilograma, quando comparado com o preço ao consumidor final.
As sardinhas descarregadas representam 10 mil toneladas, sendo de longe a espécie mais pescada, depois surgem: cavala (1 674[2]), carapau (1 600), faneca (317), pescadas (284) e raias (80);dentro dos moluscos, o polvo (346). Note-se que 10 mil toneladas de sardinha significam 130 milhões de sardinhas (peso médio de 75 gramas).
O porto de Peniche recebe aproximadamente a mesma quantidade de pescado que a Figueira, mas o valor é muito superior, cerca de 36 milhões de euros. As espécies capturadas são mais valiosas (congro, atum, robalos), e mesmo a sardinha é vendida ao dobro do preço.
Seria interessante perceber melhor todas estas disparidades. Há menos peixe no mar? Faltam barcos? A pesca é pouco rentável? A lota da Figueira paga mal?


[1] Anuário das Pescas 2012, INE, pág. 49
[2] Números em toneladas

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