Abate de árvores na Figueira da Foz - artigo de opinião

Artigo publicado no Diário as Beiras a 18 de agosto, 2018


O abate das árvores

A atitude prevalente relativa às árvores em meio urbano resume-se com a anedota: “Um casal de namorados aproxima-se de um espaço verde, quando a jovem, num momento romântico lhe diz: - Querido consegues ver este magnífico bosque? E ele responde: - Hmm ainda não! Estas árvores não me deixam ver nada…”
Os planeadores urbanos descuram frequentemente a preservação das árvores, é mais fácil arrasar e plantar novo do que traçar o perfil do arruamento em função do património natural existente. Vem isto a propósito do recente protesto do Movimento Parque Verde, contra o abate de 16 árvores em Buarcos. Destaque-se aqui a iniciativa do dr. Luís Pena que luta, desde os anos 90, por uma Figueira mais verde e saudável. Recordo bem a sua ação contra as podas destrutivas no mandato de Santana Lopes (PSD) nas Abadias.
Conseguiu-se mediatismo para as árvores, porque são vários os casos de abate de em obras municipais, para dar lugar a estacionamento (Coliseu Figueirense; Alto do Forno; Quartel) ou porque os técnicos acharam mais fácil “deitar abaixo”. 

O investimento nas árvores é residual (0,1% do orçamento municipal?), faltam bosquetes e cortinas arbóreas.

É ainda notável o aproveitamento político, há quem se manifeste contra o abate, mas defendendo a criação de mais estacionamento no local, estimando sim a oferta permanente de espaço para os carros.
A sociedade está ainda longe de pensar na árvore como elemento central no planeamento urbano enquanto “fábrica purificadora do ar urbano a custo zero” e mitigadora das alterações climáticas.

Zona de Buarcos - árvores a abater


Comentários

  1. Eu ainda estou para perceber é a utilidade de toda aquela obra, para começar.
    Com tanta coisa para arranjar nesta cidade, porque é que se foi mexer numa zona que funcionava bem, para mais criando uma gigantesca confusão de trânsito, ao decidir começar as obras mesmo no início da época balnear.
    As árvores não deveriam ser deitadas abaixo, porque toda aquela obra já não faz sentido.
    As observações do João são tanto mais pertinentes quanto aquelas são das poucas árvores que ainda existem em Buarcos. A vila de Buarcos é das localidades mais despidas do país e agora vão arrancar das poucas árvores que ainda lá há. Nada disto faz sentido.

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