Paço de Maiorca - quo vadis?

Considero ser fundamental que a Câmara venda e arrendar património que não consegue gerir. Em relação ao Paço de Maiorca a sua valorização passa por ser utilizado, como hotel ou espaço cultural, vivo, mas conservando sempre o seu carácter genuíno. Importante também é restabelecer uma ligação entre o Paço e a população de Maiorca para que esta possa ter novamente orgulho no seu património e consiga usufruir daquilo que naturalmente lhe pertence. Assumir esta identidade é difícil e leva anos, sendo necessário uma estratégia a médio e longo prazo. Outro desafio é impedir a excessiva “musealização”, sendo necessário uma intervenção que torna o espaço atrativo tanto para os habitantes locais como para os visitantes.

Como afirmam os especialistas “o património cultural como algo que vem do passado, experimenta-se no presente e transmite-se às gerações do futuro, conjuga sentimentos de pertença dos indivíduos, sentimento esse que acaba por assegurar uma identidade cultural” Esse desafio só pode ser ganho com o envolvimento local, criando uma comissão de acompanhamento, incluindo pessoas de Maiorca e especialistas nacionais e estrangeiros. É preciso criatividade e modernidade, rompendo com o habitual recurso a “micro-museus” incapazes de atrair as pessoas.

Note-se que o Paço de Maiorca faz parte de um rol de maus contratos que a Câmara Municipal da Figueira da Foz fez durante o tempo de Duarte Silva e Santana Lopes, e a aquisição desenfreada de “ruínas”, “palácios” e “quintas”. Muitos destes imóveis continuam “parados” caminhando para a ruína imobiliária. Relembro que o Paço de Maiorca foi apresentado como “contrato-programa”, em abril de 2008, sendo apelidado ”versão litoral da Quinta das Lágrimas” aprovado com os votos da então maioria do PSD, sendo provavelmente a pior Parceria Público Privada (PPP) alguma vez realizada no concelho.

Publicado no jornal AS BEIRAS, 25 de Maio de 2020



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