Os transgénicos e as eleições europeias
Os Organismos Geneticamente Modificados (OGM) mais conhecidos por transgénicos já chegaram ao concelho da Figueira da Foz, de mansinho, e sem o conhecimento da generalidade da população. Serão também poucos os que estarão familiarizados com o tema, pois este não tem sido discutido entre nós.
O que são alimentos geneticamente modificados ? Quais os benefícios ? Que riscos corremos ao consumirmos alimentos OGM ou animais alimentados com rações transgénicas ?
Em primeiro lugar, saiba o leitor que a esmagadora maioria dos produtos animais à venda em Portugal é proveniente de explorações pecuárias onde se utilizam rações transgénicas. Sabendo-se que ainda não há rotulagem eficiente, não podemos reconhecer a presença de OGM na carne, no leite, nos ovos, no peixe (de aquacultura) e em muitos produtos derivados. Só os produtos biológicos certificados escapam ao uso de rações transgénicas e por isso estão livres de OGM.
Há contudo concelhos que recusam a presença de campos cultivados com OGM. Por exemplo, em Outubro de 2007, foi oficialmente reconhecido o Concelho de Lagos como Zona Livre do Cultivo de Variedades de Milho Geneticamente Modificadas, nos termos do Despacho n.º25 306/2007, que diz o seguinte: “Reconhece-se que se deve conferir aos agricultores a possibilidade de obterem a divulgação e o reconhecimento oficial da sua decisão voluntária de constituírem uma determinada Zona Livre, os quais obtêm benefícios directos com esse reconhecimento e cuja manutenção depende do cumprimento do acordo que os agricultores celebram entre si.”
Qual a razão para esta tomada de posição ? Por que recusam alguns agricultores os OGM ? A Professor Margarida Silva, docente na Universidade Católica do Porto e autora do livro “Alimentos Transgénicos – um guia para consumidores cautelosos” afirma o seguinte: “Muito mais de metade dos OGM cultivados no mundo são resistentes a herbicidas, o que permite precisamente que o produtor use mais químicos tóxicos, e que leva a que o consumidor coma mais desses resíduos. E no caso das culturas Bt [milho transgénico], o produtor aplica menos insecticidas, de facto, mas apenas porque a planta já os está a produzir. Por isso, em termos de contaminação ambiental, não há melhoria nenhuma. “...” Para quê limitar o direito à informação por exemplo, impedindo a rotulagem dos produtos animais sobre que rações foram usadas e tentar empurrar OGM contra a vontade da esmagadora maioria dos cidadãos? “
Os deputados do Parlamento Europeu têm votado umas vezes contra e outras a favor dos OGM. Recentemente, em Março de 2009, foi proposto, e aprovado, um sistema obrigatório de rastreabilidade de todos os OGM isto é, de onde vêm e para onde vão, e consequente rotulagem.
Os eurodeputados portugueses têm votado de forma distinta: o Bloco de Esquerda, CDU e PS têm votado contra a introdução de mais OGM, e pela transparência na sua comercialização (rastreabilidade e rotulagem); PSD e CDS têm posições favoráveis à introdução de mais OGM e negam a necessidade de rotulagem, preferindo não fornecer aos consumidores finais informação sobre a presença de OGM nos alimentos que consumimos.
Texto publicado a 04.06 no jornal A Voz da Figueira
O que são alimentos geneticamente modificados ? Quais os benefícios ? Que riscos corremos ao consumirmos alimentos OGM ou animais alimentados com rações transgénicas ?
Em primeiro lugar, saiba o leitor que a esmagadora maioria dos produtos animais à venda em Portugal é proveniente de explorações pecuárias onde se utilizam rações transgénicas. Sabendo-se que ainda não há rotulagem eficiente, não podemos reconhecer a presença de OGM na carne, no leite, nos ovos, no peixe (de aquacultura) e em muitos produtos derivados. Só os produtos biológicos certificados escapam ao uso de rações transgénicas e por isso estão livres de OGM.
Há contudo concelhos que recusam a presença de campos cultivados com OGM. Por exemplo, em Outubro de 2007, foi oficialmente reconhecido o Concelho de Lagos como Zona Livre do Cultivo de Variedades de Milho Geneticamente Modificadas, nos termos do Despacho n.º25 306/2007, que diz o seguinte: “Reconhece-se que se deve conferir aos agricultores a possibilidade de obterem a divulgação e o reconhecimento oficial da sua decisão voluntária de constituírem uma determinada Zona Livre, os quais obtêm benefícios directos com esse reconhecimento e cuja manutenção depende do cumprimento do acordo que os agricultores celebram entre si.”
Qual a razão para esta tomada de posição ? Por que recusam alguns agricultores os OGM ? A Professor Margarida Silva, docente na Universidade Católica do Porto e autora do livro “Alimentos Transgénicos – um guia para consumidores cautelosos” afirma o seguinte: “Muito mais de metade dos OGM cultivados no mundo são resistentes a herbicidas, o que permite precisamente que o produtor use mais químicos tóxicos, e que leva a que o consumidor coma mais desses resíduos. E no caso das culturas Bt [milho transgénico], o produtor aplica menos insecticidas, de facto, mas apenas porque a planta já os está a produzir. Por isso, em termos de contaminação ambiental, não há melhoria nenhuma. “...” Para quê limitar o direito à informação por exemplo, impedindo a rotulagem dos produtos animais sobre que rações foram usadas e tentar empurrar OGM contra a vontade da esmagadora maioria dos cidadãos? “
Os deputados do Parlamento Europeu têm votado umas vezes contra e outras a favor dos OGM. Recentemente, em Março de 2009, foi proposto, e aprovado, um sistema obrigatório de rastreabilidade de todos os OGM isto é, de onde vêm e para onde vão, e consequente rotulagem.
Os eurodeputados portugueses têm votado de forma distinta: o Bloco de Esquerda, CDU e PS têm votado contra a introdução de mais OGM, e pela transparência na sua comercialização (rastreabilidade e rotulagem); PSD e CDS têm posições favoráveis à introdução de mais OGM e negam a necessidade de rotulagem, preferindo não fornecer aos consumidores finais informação sobre a presença de OGM nos alimentos que consumimos.
Texto publicado a 04.06 no jornal A Voz da Figueira
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